Depois de dois dias de acalorados debates sobre o encaminhamento da luta pela PLR, o Conselho Deliberativo da FUP, formado pela direção da Federação e pelos sindicatos filiados, chegou a um acordo: o movimento deverá buscar imediata interlocução com o Governo Federal, uma vez que a direção da Petrobrás continua se mostrando intransigente. O objetivo é obter, o mais rapidamente possível, um posicionamento da presidenta Dilma, em relação às reivindicações dos trabalhadores. Ainda por decisão do Conselho, nos próximos dias deverão ser realizadas, pelo menos, duas grandes mobilizações: nesta sexta-feira, 5, em Manaus, e na próxima quarta-feira, 10 de agosto, no Rio de Janeiro, em frente ao edifício-sede da Companhia. No dia 11, o Conselho Deliberativo volta a se reunir.

O caminho do acordo – Apresentado pela FUP como uma decisão tomada “democraticamente” e “por consenso” – o que não deixa de ser verdade, o encaminhamento aprovado pelo Conselho Deliberativo aparenta expressar afinidade de pensamento e opinião entre as direções sindicais, mas isso está longe de corresponder à realidade. Durante a reunião, as diferenças de concepção e prática política ficaram evidentes, já na rodada inicial de informes. Comprometido com a decisão aprovada em suas bases, o SINDIPETRO/RN defendeu a deflagração da greve, no dia 10 de agosto, caso a Petrobrás permanecesse inflexível.

A proposição obteve a simpatia dos sindicatos da Bahia, Duque de Caxias e Manaus, que afirmaram que suas bases estariam mobilizadas e dispostas a deflagrar o movimento. Já, as direções dos sindicatos do Norte-fluminense, Paraná/Santa Catarina, Minas Gerais e Unificado de São Paulo defenderam a junção da Campanha da PLR com a Campanha Reivindicatória e foram contrárias à realização da greve, embora o Unificado de SP tenha informado que a base de Campinas se encontrava com elevada disposição de luta.

As diferenças entre os encaminhamentos propostos pelos sindicatos levaram a situação a um impasse. Rio Grande do Norte, Bahia, Caxias e Amazonas foram contrários à junção das campanhas por entenderem que a estratégia poderia levar ao rebaixamento dos resultados, tanto com relação à PLR, quanto com relação à campanha reivindicatória. Afinal, a Petrobrás passaria a dispor de um maior número de itens a negociar, permitindo-lhe manobrar com mais desenvoltura. Assim, neste momento, a reunião foi interrompida.

No entanto, ainda no mesmo dia, 2 de agosto, uma nova proposta foi apresentada, em nome dos sindicatos do Norte-fluminense, Unificado de São Paulo, Minas Gerais e Paraná/Santa Catarina: 8 a 12 de agosto > Reuniões Setoriais; 22 de agosto > Reunião do Conselho Deliberativo; 5 de setembro > Seminários de Qualificação de Greve. Mais uma vez, ficava clara a intenção de juntar as duas campanhas e, desta feita, Rio Grande do Norte e Amazonas rejeitaram a proposta.

No dia seguinte, 3 de agosto, as negociações foram retomadas a partir de proposta apresentada pelo SINDIPETRO/RN. Diante do impasse, o Sindicato propôs que o movimento fizesse um esforço de interlocução com a presidenta Dilma, a fim de tratar a questão do regramento da PLR; o fim do suBÔrNUS; a imediata abertura de discussão sobre o Plano de Cargos; e o sucateamento da AMS.

Ainda de acordo com o entendimento do SINDIPETRO/RN, uma nova reunião do CD deveria ser realizada tão logo ocorresse o entendimento com o Governo Federal, e o dia 15 de agosto deveria ser encarado como referência para uma definição sobre a Campanha de PLR, a fim de que a campanha reivindicatória não seja prejudicada. Foi essa a proposição que serviu de base para o encaminhando final, aprovado “por consenso”.