Para celebrar do Dia Internacional da Mulher, neste sábado (8), a reportagem da CTB saiu às ruas do centro de São Paulo para saber das mulheres qual o significado da comemoração desta data.

Hoje elas exercem atividades até pouco tempo destinadas somente ao sexo masculino e avançam nos cargos de chefia, mas ainda não se sentem suficientemente representadas.

 

ALINE ACREDITA QUE A MULHER ESTÁ TRABALHANDO DEMAIS

 

A luta pela emancipação feminina se desenvolve há séculos no país, mas foi partir dos anos 1960, que essa bandeira avançou de maneira contundente.

 A CTB defende a inclusão das mulheres no mundo sindical e do trabalho e participa ativamente de diversas ações em prol das classistas como, por exemplo, o Fórum Nacional das Mulheres Trabalhadoras das Centrais Sindicais.

A norma constitucional de salário igual para trabalho igual é uma das principais bandeiras das trabalhadoras brasileiras, porque via de regra recebem cerca de 30% a menos que os homens. Também querem a divisão do trabalho doméstico.

Com mais da metade da população brasileira, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas, a representação feminina nas instâncias políticas ainda é pífia. Menos de 10% no Congresso Nacional, pouca presença nos legislativos estaduais e municipais, quase nenhuma governadora e pouquíssimas prefeitas.

Por isso, Mais Mulheres na Política é a palavra de ordem da central entendendo que é através do entrave político que as mulheres podem conseguir direitos iguais aos dos homens.

A caminhada é dura, mas a força da mulher brasileira resiste e insiste na conquista de seus direitos e transpõem todos os obstáculos a cada dia de suas vidas, como na canção, de Milton Nascimento e Fernando Brant, Maria, Maria: “É preciso ter manha/É preciso ter graça/É preciso ter sonho sempre/Quem traz na pele essa marca/Possui a estranha mania/De ter fé na vida”.

“Esse dia tem que ser lembrado, porque significa a luta pela independência da mulher e ela conquistou seu lugar na sociedade”, disse a professora de educação física, Aline dos Santos Miguel, 23 anos, que passava pela Praça da Sé na última quinta-feira (6) e foi abordada pela reportagem da CTB.

Já a aposentada, Eunice Wolff, 77 anos, acredita que “a mulher não pode se contentar em ficar do tanque para a cozinha, ela tem quer ser valorizada e valorizar-se”. Ela defende maior participação das mulheres na política, porque “temos uma visão diferente e a emancipação feminina é primordial para a democracia brasileira”, acentuou.

A condição feminina no Brasil tem avançado muito, reconhecem as entrevistadas, mas também preconizam que ainda há muito a ser feito. Como diz Aline “atualmente a mulher está trabalhando demais”, expressou em alusão à dupla jornada pela qual a maioria é submetida.

A APOSENTADA EUNICE QUER MAIS MULHERES NO PODER

 

Por sua vez, a administrativa, Débora Roessa, 26 anos, vê muitas mudanças em prol das mulheres. De família tradicional nordestina, ela contou que seu pai não permitia que a mãe trabalhasse fora de casa e muito menos que estudasse. “Hoje ele e meus irmãos dividem as tarefas domésticas, não ainda como deveria, mas já fazem serviços caseiros”, revelou. Débora crê que a sua filhinha terá um futuro melhor.

Violência contra a mulher

Para a dentista Reugma Rêgo, 57 anos, a Lei Maria da Penha (11.340/2006) não acabou com a violência contra a mulher, mas “deixou os homens com medo de serem presos”. Essa lei pune a violência de gênero, além de combater a discriminação contra as mulheres.

Para tanto, foi criado o serviço Disque 180 que já realizou mais de 3 milhões de atendimentos. De acordo com o Mapa da Violência 2012, do Centro Brasileiro de Estudos Latino Americanos, da Faculdade Latino Americana de Ciências Sociais (Cebela/Flacso) contra a mulher ocorrem 4,4 assassinatos por cada 100 mil mulheres, representam cerca de 50 mil mulheres assassinadas por ano, ficando em sétimo lugar entre 84 países pesquisados.

Por isso, Reugma ressalta tudo o que a mulher vem fazendo coma dupla jornada de trabalho, reclamação de todas as mulheres entrevistadas, “e ainda por cima apanha”, reforça a dentista para quem o combate à violência contra a mulher avançou, mas precisa ainda muito mais. A campanha Viver Sem Violência, da Secretaria de Políticas para as Mulheres é uma resposta bem assimilada, mas elas ainda defendem maior rigor nas punições aos agressores.

A dentista também declarou que sofreu preconceito do próprio companheiro e pelo fato dela ganhar mais do que o marido, formado em medicina, ele não suportou a situação e separou-se.

 

MARIDO DE REUGMA NÃO SUPORTOU GANHAR MENOS

 

 Já a vendedora ambulante Diana Lima, 49 anos, que fica atenta ao rapa enquanto é entrevistada, acredita que somente “a mulher pode fazer mais pela mulher” e reclama que estão fazendo pouco por ela, principalmente o governo paulista. “Esse é o pior de todos”, afirma. Para Diana “as mulheres precisam escolher melhor quem vai governar e eleger pessoas comprometidas com a igualdade de direitos.”

 

DÉBORA ESPERA FUTURO MELHOR PARA SUA FILHA

 

Como a música Palavra de Mulher, de Chico Buarque: “Vou chegar/A qualquer hora ao meu lugar”. Assim lutando pelo Brasil dos sonhos de todos que acreditam na igualdade, na justiça e no direito à felicidade que todos têm.

 Érika Ceconi e Marcos Aurélio Ruy, Portal CTB