Andrielle Mendes – Repórter, em 20 de abril

A Petrobras detalhou ontem, durante audiência pública na Câmara Municipal de Natal, o projeto de construção de um novo oleoduto que ligará Canto do Amaro, em Mossoró, à Guamaré. A obra, já contratada, tem o início previsto para junho e levará cerca de dois anos para ser concluída. 

O novo oleoduto, que substituirá um outro instalado há mais de 20 anos na mesma região, está orçado em 187 milhões de dólares, e sinaliza o interesse da companhia em permanecer no estado, segundo Luiz Ferradans Mato, gerente geral da unidade de Operações de Exploração e Produção do Rio Grande do Norte e Ceará da Petrobras. “Se a Petrobras não fosse permanecer no estado, ela não construiria um oleoduto com 20 anos de vida útil”, justificou Ferradans. 

O projeto foi detalhado pelo executivo um dia após a presidente da Petrobras, Graça Foster, garantir, em reunião solicitada pelo presidente da Câmara de Deputados, Henrique Alves, a manutenção dos investimentos no estado. A estatal é acusada por entidades sindicais de reduzir os investimentos e provocar a demissão em massa de terceirizados, sobretudo em Mossoró – principal polo produtor. 

Mais de mil terceirizados foram dispensados nos últimos meses. A onda de demissões teria se agravado com a quebra de contrato por parte de duas grandes empresas que prestavam serviço de manutenção e montagem à Petrobras. 

A companhia reforçou ontem que reabriria os postos de trabalho fechados, através da contratação de novas terceirizadas, e da execução de novos projetos, como o novo oleoduto, mas não conseguiu escapar da cobrança de políticos e sindicalistas durante a audiência pública. 

Cobrança

“Os investimentos já anunciados pela Petrobras são para manter o que ela já tem, mas e o futuro?”, questionou José Antônio de Araújo, coordenador geral do Sindicato dos Petroleiros do Rio Grande do Norte (Sindipetro-RN). “Queremos saber se estamos diante de um problema circunstancial ou do desmonte da Petrobras no estado”, acrescentou o vereador George Câmara, presidente da Frente Parlamentar do Trabalho da Câmara Municipal de Natal e propositor da audiência pública.

O gerente geral de Exploração e Produção da Petrobras no RN e CE citou os investimentos realizados para revitalizar os poços e reconheceu que a estatal só conseguirá elevar a produção no Rio Grande do Norte se adquirir novas áreas através dos leilões realizados pela Agência Nacional de Petróleo (ANP). 

Nos últimos anos, a média de barris de petróleo produzidos diariamente caiu de 100 mil para 70 mil. “Se não tivéssemos investido na revitalização dos poços, nossa produção hoje estaria entre 30 e 40 mil barris/dia”. Mesmo questionado, Ferradans evitou falar sobre os próximos leilões de blocos de exploração. “Vamos avaliar o potencial petrolíferos deles”, limitou-se a dizer. 

A audiência pública na Câmara Municipal de Natal foi o terceiro grande encontro realizado em torno do tema no último mês. O assunto já tinha sido discutido em audiência pública na Câmara Municipal de Mossoró e na sede da Petrobras, no Rio de Janeiro. A Assembleia Legislativa também discutirá o tema em maio.

 

Tribuna do Norte