Na manhã da última segunda-feira, 12 de maio, o Sindicato dos Petroleiros e Petroleiras do Rio Grande do Norte (SINDIPETRO-RN) se reuniu com os mandatos das deputadas estaduais Isolda Dantas e Divaneide Basílio para alertar sobre o agravamento da crise no setor de petróleo potiguar e apresentar propostas concretas que possam reverter os danos causados pela saída da Petrobras do estado e pela grave situação do setor privado.

O Sindicato alertou para o aumento exponencial das demissões nas últimas semanas: mais de 200 trabalhadores e trabalhadoras foram desligados apenas recentemente, especialmente em áreas operacionais de Guamaré, Alto do Rodrigues e plataformas marítimas. A tendência, infelizmente, é de agravamento, considerando a frágil situação financeira das operadoras privadas, que enfrentam atrasos nos pagamentos a fornecedores e dificuldades em manter a regularidade da produção.

Durante o encontro, o SINDIPETRO-RN também relatou denúncias de irregularidades trabalhistas envolvendo o não pagamento do adicional de periculosidade a trabalhadores que atuam em áreas de risco, especialmente na refinaria de Guamaré e em unidades operacionais no interior do estado. Essas situações, além de ilegais, colocam em risco a dignidade e a segurança de centenas de trabalhadores.

A operadora Brava Energy, atual responsável por parte das operações no RN, foi citada como um dos principais focos de preocupação. Diante de sua evidente limitação financeira e operacional, o sindicato apresentou uma série de sugestões aos mandatos presentes, que podem servir de base para articulações políticas em busca de soluções estruturais. Entre as propostas estão:

  1. Articular reuniões visando a construção de Parceria estratégica entre a Brava e a Petrobras, aproveitando a capacidade técnica e de investimento da estatal para viabilizar a expansão da produção com responsabilidade social e ambiental.
  2. Possível recompra de concessões pela Petrobras, devolvendo ao estado parte da capacidade produtiva que foi perdida com a privatização promovida nos últimos anos.
  3. Articular reunião entre os mandatos e o Governo do Estado para viabilizar apoio técnico e financeiro à Brava, incluindo a articulação de possível linha de crédito junto ao BNDES, que poderia gerar cerca de 15 mil empregos diretos e indiretos no estado.
  4. Estímulo à formação de consórcios com empresas privadas com caixa disponível, capazes de investir de R$ 3 a R$ 5 bilhões em um plano quinquenal de expansão e desenvolvimento do setor no RN.
  5. Aprofundar estudos visando a expansão da refinaria potiguar Clara Camarão para construção do polo de hidrogênio verde.

Além das medidas emergenciais, o SINDIPETRO-RN também destacou oportunidades estratégicas de investimento para o futuro do setor energético potiguar. Uma delas é a antecipação da produção no bloco Pitu-Oeste, na Margem Equatorial, cujas licenças já estão liberadas. Segundo estimativas, cada poço perfurado na região poderá produzir cerca de 12 mil barris por dia. A perfuração de quatro poços poderia mais que dobrar a produção atual do estado, colocando o RN de volta ao protagonismo nacional no setor.

Outra proposta apresentada diz respeito ao plano estratégico da Petrobras para o período 2025–2029, que prevê R$ 24 bilhões em investimentos em energias renováveis. O sindicato sugeriu que os mandatos articulem, junto à estatal, a instalação de um projeto onshore de energia solar ou eólica de 1 gigawatt (GW) no RN. A iniciativa poderia atrair de R$ 3 a R$ 5 bilhões em investimentos e gerar 3 a 4 mil empregos durante a construção, além de manter cerca de 500 empregos permanentes após a implantação.

O SINDIPETRO-RN reafirma seu compromisso com a defesa do emprego, da soberania energética e do desenvolvimento sustentável do Rio Grande do Norte. A ausência da Petrobras no estado deixou um rastro de prejuízos, desemprego e incertezas, mas ainda é possível reverter esse cenário com mobilização política, investimento público e articulação social. A crise que enfrentamos é resultado direta de decisões equivocadas tomadas no passado — cabe a todos e todas, agora, lutar por um futuro melhor para o povo potiguar.