O Brasil se aproxima de 140 mil mortos por covid-19, doença provocada pelo novo coronavírus. Nas últimas 24 horas, o Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass) registrou 836 mortes no país. Com o acréscimo, são 138.108 vítimas desde o início da pandemia, em março.

Já o número de casos chegou a 4.591.604, com a soma de 33.536 no último período. Os números são passíveis de grande subnotificação, já que o Brasil é um dos países que menos testa para a covid-19 no mundo. Até o início de setembro, 184.934 pessoas morreram por agravamento em quadro de síndromes respiratórias, sendo 52,8% por covid-19 e mais de 33% não tiveram sua causa identificada.

Embora subnotificada, a pandemia de covid-19 mostra-se como a maior crise sanitária da humanidade em mais de 100 anos. O Brasil segue como um dos protagonistas dos piores cenários. A ausência de testes possui relação com a falta de planejamento para controle do vírus no país, que é o segundo com maior número de mortos, atrás apenas dos Estados Unidos.

O fato do Brasil ter um dos piores resultados do mundo em relação à covid-19 possui relação com atitudes anticientíficas de governantes. Em especial do presidente, Jair Bolsonaro. O político, desde o início do surto, minimizou a doença, ridicularizou mortos e defendeu que ações não fossem tomadas para mitigar os efeitos da pandemia. E disse hoje em discurso de abertura na Assembleia Geral da ONU que fez o que pode para “evitar o pior”.

Ciência em xeque

Para a bióloga professora da UnB Mercedes Bustamente, o Brasil enfrenta duas grandes crises: sanitária, com a covid-19, e ambiental, com queimadas generalizadas e desmatamento sem precedentes. “Nas duas crises, vemos se intensificar o uso deliberado da desinformação por quem deveria ter a transparência como regra e o serviço à população brasileira como dever. Nesse processo, ataca-se e questiona-se a atuação e o trabalho de cientistas e instituições de pesquisa com sólido histórico de contribuições para o país”, disse.

A postura do governo Bolsonaro segue por este pior caminho, relatado pela cientista. Mesmo diante de fatos, o discurso do presidente caminha no sentido oposto, sem preocupação com a veracidade em suas palavras. Mesmo hoje (22), em discurso proferido durante reunião virtual da Assembleia Geral da ONU, o político Brasileiro negou fatos óbvios. Rejeitou o fracasso do país no combate à covid-19 e as queimadas históricas na Amazônia e Pantanal.

História para boi dormir

“Mesmo diante da abundância de relatos, imagens in loco ou obtidas a partir de satélites, mesmo com a poluição de queima de biomassa no Norte e no Centro-Oeste, atingindo o Sudeste e o Sul do Brasil, a atuação do governo federal tem sido atacar os dados e aqueles que os disponibilizam e não oferecer as respostas coordenadas e tão necessárias neste momento. Depois de “passar a boiada”, agora é a conversa para boi dormir”, completou a cientista, em artigo para o Direto da Ciência.

Contudo, a postura do bolsonarismo com “terraplanismos” delirantes em oposição à ciência humana mostra fraqueza e fracasso diante da realidade. Nas palavras do secretário-geral da ONU, Antônio Guterres, “o populismo e o nacionalismo étnico fracassaram. A covid-19 não é apenas um sinal de alarme, é uma prova geral para o mundo dos desafios que estão por vir. Devemos ficar unidos, agir de modo sólido e ser guiados pela ciência e conectados à realidade”.

Fonte: Rede Brasil Atual